linguagem da alquimia
A linguagem é a fronteira que limita um mundo do outro. Transposta esta
fronteira, estabelece-se a comunicação que pode gerar o entendimento, a
colaboração que pode gerar o entendimento, a colaboração e a intimidade.
Por isso, a história do homem é também a história de sua Linguagem.
Certa vez, um homem morava no meio de uma fronteira. Ela separava o
Mundo dos Homens do Mundo dos Deuses, onde reinava a imortalidade, a
sabedoria e a riqueza. O Mundo Divino era separado por um imenso bosque
encantado, habitado por terríveis criaturas e outros perigos. O homem
sabia que sem o amparo das forças superiores, jamais sairia vivo do
bosque e penetraria no Mundo dos Deuses. Até que um dia, cheio de
coragem e munido de uma lanterna mágica, afundou-se no bosque.
Passaram-se muitos dias e noites, o homem avistou uma clareira e achou
um caminho. O caminho até a morada dos Deuses. Para compreender a
Linguagem da Alquimia é necessário uma viagem semelhante, uma lanterna
mágica, um homem de vontade e o amparo das forças superiores. Para
chegar ao "outro lado" é preciso caminhar dias e noites, afundar-se no
bosque e conhecer seus obstáculos.
Algumas esfinges deste bosque são palavras: Elixir, alselat, crisol e
hipoclaptica. Alguns metais são mitológicos: Marte-Ferro, Apolo-Ouro,
Diana-Prata e o Tosão de Ouro, a Pedra Filosofal. Os anagramas cruzam o
caminho: Sageniosabidosos é o Gênio dos Sábios e corapoma, corpo e alma.
As árvores tornaram-se enigmas: "A matéria é única, e por toda a parte
os pobres a possuem tanto quanto os ricos.. Conhecida de todos e de
todos desconhecida...". Os pássaros transformaram-se em misteriosos
alfabetos: 729c92 chama-se mercúrio e b491x é o borax. Alguns homens que
cruzaram o bosque, deixaram escritos nele suas contribuições pessoais e
outros construíram cabanas de madeira. Paracelso criou um vocabulário
particular: Aquastre, Derses e Deraut, para espírito, exalação oculta da
terra e urina. Os construtores das catedrais deixaram rosáceas e
estátuas falantes. Escrita, falada, desenhada ou moldada, a linguagem do
bosque, linguagem verde não mostra; ela revela, é alegórica e teatral
porque seu
s atores personificam o inanimado, como o sonhador imita a realidade ou
a criança vive a fantasia. Por isso, é também chamada de linguagem do
coração, linguagem muda, linguagem dos pássaros e linguagem dos anjos.
Ela pode ser estudada, mas sua chave é recebida somente quando
procurada. Ela pode ser procurada, mas sua chave é recebida somente
quando estudada.
Seu livro é o livro da Natureza, um Livro sem palavras, o "Liber Mutus"
da Alquimia que é acessível a quase todos. Afinal, não é o limite do seu
entendimento, o limite da linguagem de um homem?
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